domingo, 23 de junho de 2013

ATV no ar

A Associação Terra Viva de Agricultura Alternativa e Educação Ambiental (ATV) que atua no território da Prelazia de São Felix do Araguaia – MT foi reconhecida como Entidade de Utilidade Pública.

por Dandara Morais
Encontro de educação ambiental na PA Manah



A Declaração de Utilidade Pública é o reconhecimento pelo Poder Público, de que uma entidade civil presta serviços, de acordo como seu objetivo social, de interesse para toda a coletividade. É uma parceria entre entidade e estado, unidos em prol de um bem maior para sociedade.
Para Valdo da Silva, presidente da Associação Terra Viva, o titulo é um respaldo na busca de parcerias para a continuidade dos trabalhos voluntários da entidade. Valdo diz “temos trabalhado em busca da preservação ambiental e melhoria na relação do homem com a natureza”. Um dos trabalhos realizados têm sido a preservação e recuperação de áreas degradadas no município de Porto Alegre do Norte – MT e os encontros realizados em parceria com a Comissão Pastoral da Terra, que discutem educação ambiental na região do Baixo Araguaia.
Valdo acrescenta que o lema da instituição é “recuperar, conservar e gerar renda” e neste momento estão buscando o reconhecimento de duas áreas como Área de Preservação Permanente, no município de Porto Alegre do Norte, visando à proteção da fauna e flora que tem sofrido com a degradação ambiental trazida pela cultura do agronegócio que invadiu a região.
Foto: Arquivo

O Beijo da Lua


A lua desceu na estação das flores,
beijou as águas e afagou a terra.
Sussurrou no ouvido de cada rosa
e determinou ao vento que exalasse
o perfume das flores pelos ares,
porque só os beija-flores,
as borboletas,
as abelhas
e os insetos menores,
não dão conta de tamanha tarefa.
Ordenou a chuva que regasse todas as plantas,
mas que fosse bem leve ao cair,
para não fazer barulho
e acordar os espíritos guardiães das florestas.
Pediu ao arco-íris
que se lambuzasse bastante
com as cores rosa, parda e preta,
pois se tornaria mais brasileiro.
Deu uma dura no fogo
para que deixasse de queimar inutilmente:
DEIXA DE SER FORASTEIRO, FOGO!
Seja chama! Vida! Renovação!
Não seja destruição!
Você brilha muito mais praticando o bem!
Solicitou à chefe das estrelas,
a estrela D'Alva,
que nas noites de sua ausência,
descanso da lua,
que pairasse sobre os triêros
e os caminhos,
para que brilhasse
todos os passos do bem e da felicidade.
Assim, não deixaria só por conta dos vaga-lumes.
Pediu ao uirapuru
que cantasse mais vezes no ano,
e que se juntasse aos outros pássaros
e fizessem uma sinfonia de cantos.
Cantando, a terra fica corada,
as flores mais vivas
e a brisa mais suave.
Antes do amanhecer,
a lua deu um beijo na aurora,
banhou nas águas do Araguaia,
se perfumou com as flores do cerrado
e foi se aquecer bem perto do sol,
que já estava quase acordando.


Edilson Pereira Santos

Agricultura familiar ganha espaço no meio acadêmico

por Dandara Morais



Formandos do curso Técnico em Agropecuária, do Instituto Federal de Mato Grosso campus de Confresa-MT,  destoam da grande maioria e apresentam  trabalho de conclusão de curso sobre agricultura familiar.

O curso Técnico em Agropecuária tem como objetivo a formação de profissionais com domínio das tecnologias voltadas para a agropecuária, capazes de planejar, executar, acompanhar e fiscalizar todas as fases dos projetos agropecuários na administração de propriedades rurais.

Três acadêmicos do IFMT fugiram deste conceito, e buscaram estudos mais próximos de sua realidade, a agricultura familiar.  Esta caracterizada pelo cultivo em pequenas propriedades rurais, para a subsistência, mantido essencialmente pelo núcleo familiar.

Na região do Baixo Araguaia a ATV - Associação Terra Viva de Agricultura Alternativa e Educação Ambiental, tem contribuído para mudança da relação homem/natureza, deste modo tem atraído estagiários que buscam uma abordagem além das linhas tradicionais para seus trabalhos curriculares.

O acadêmico do curso Técnico em Agropecuária, Murilo Junior Silva Sousa, 17 anos, que teve como tema do TCC Alternativa de Produção Sustentável comenta que as informações vistas em sala de aula foram muito restritas no âmbito de abordagem de produção sustentável, e no estagio ele pode ter um maior contato com o tema “devido a grade curricular do curso não se aprofundar em matérias que abrangem a produção sustentável, que é o foco da ATV, muito conhecimento adquirido na prática, não nos foi dado em sala de aula”, descreve.

A estudante do IFMT, Pâmella Martins Souza, 18 anos, autora do trabalho Iniciativas Socioambientais de Pequenos Produtores Rurais em Porto Alegre e Canabrava do Norte, fez seu estágio na associação e diz tê-la escolhido por que procurava um lugar onde se preocupassem com meio ambiente “na ATV eles se preocupam com o meio ambiente, e trabalham de forma sustentável” comenta.

O crescente e desordenado avanço da monocultura e da agricultura industrial na região é um fator preocupante, a academia e os moradores locais, tem que se atentar para os prejuízos causados por ela. Deste modo o acadêmico João Vitor Souza Costa, 23 anos, buscou trazer à tona a discussão sobre a Apicultura: Extração e Beneficiamento do mel, que sofre interferência direta desse processo. Ele lembra a importância da apicultura e da não agressão ao meio ambiente e ainda ressalta que a comunidade local, sabendo da riqueza natural da região (fauna/flora), deve se atentar em saber lidar com a natureza “buscar meios alternativos para ganho econômico e preservação do meio ambiente” diz.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A vida pede socorro

por Dandara Morais

Rio Tapirapé agonizando
No município de Porto Alegre do Norte-MT, localizado na região nordeste do estado, a população está alarmada com a mortandade de peixe no Lago de Fora, formado pelas águas do Rio Tapirapé.

O Lago de Fora também conhecido como Lago do Zé campos, em Porto Alegre do Norte, fica em  uma Área de Preservação Permanente, APP, cerca de 300 metros de uma plantação de soja. Com a chegada da chuva, a enxurrada 
passa pela lavoura e deságua no lago, isso pode ser a causa da morte dos peixes. O agricultor aposentado, João Manoel, 83, morador do município desde 1961 relata que não viu nada igual na região.


A região do Baixo Araguaia sempre fora nutrida pelo comércio local e a agricultura familiar. Em 2001 a região começa a se transformar, a monocultura invade o cerrado, e os primeiros sinais de destruição vão aparecendo pouco a pouco. Migração do homem do campo para cidade, quem tinha o seu pedaço de terra para plantar o arroz, a mandioca, o feijão, a cana, a banana, vende ou aluga seu pequeno espaço para o cultivo da soja. A deusa do mercado.

Para manutenção da lavoura muitos cuidados, tratores de esteira para derrubar a vegetação nativa, grades para arar a terra, e aviões carregados de veneno são os novos habitantes da região.
Não se cerca a natureza

O lago de Fora, local de banho e de pesca, agora esta cheio de peixes mortos, eles bóiam sobre a água e João Manoel vai remando e dizendo “piau, tucunaré, mandi, cachorra, pacu, bicuda, cará”. É época de piracema, e estes peixes, provavelmente iriam procriar. O morador observa que a enxurrada é constante, e logo a água suja chegará ao rio Tapirapé, “Agora nego vai ficar “veiaco” na hora de comer peixe”. O rio Tapirapé é um dos principais afluentes do rio Araguaia, e abastece a cidade de Porto Alegre do Norte.


Porto Alegre do Norte, 21 de novembro de 2012.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Mutirão do Casadão na Fartura

por Dandara Morais

No ultimo sábado, 02, enquanto estudantes estavam em salas de aula por todo o Brasil, fazendo a tão esperada prova do Enem. Um grupo de agricultores e parceiros da região do Baixo Araguaia  pularam cedo da cama e começaram a "Muvuca". O Mutirão do Casadão, foi realizado no Sítio do Seu Anastácio, no Projeto Assentamento Fartura, em Confresa-MT.
                                                                                                                         
Trabalho em conjunto pra deixar as covas prontas
Muvuca, é o nome dado ao plantio de diversas espécies juntas.
Esse é o casadão, junta saberes e sabores, é a utopia saindo da mente e do papel, conquistando o solo, pra logo mais colher os frutos da agroecologia.

É o casadão enxada no ombro e muda no chão
Saberes de sábio para um futuro promissor 

União de famílias e forças, cabeças cheias de idéias e mãos calejadas, em busca da garantia da biodiversidade























Entre uma prosa e outra muita muda no chão
Vão misturando sementes, histórias e saberes. Da plantação até a colheita é muita coisa pra contar.  
Taturubá não dá em pé de pequi, por isso se planta de tudo por aqui














sábado, 20 de outubro de 2012

Será que um dia

Será que um dia...
Águia mais olhos que o Sistema
Rola-bosta enterrar mais que a guerra
Formiga cortar mais que DDT no Vietnã
Tamanduá-bandeira matar mais que navalha
Anta mais pesada que bala
Urubu cheirar mais que radiação
Caranguejeira engolir mais que lixo
Medusa mais sistêmica que veneno
Carapanã sugará mais que o estado
Caninana mais rasteira que a lei
Arraia-de-fogo com mais espora que Rei
Jacaré-açu morder mais que o latifúndio
Peixe-elétrico mais força que cartórios
Ariranha mais silêncio que cidades
Onça mais feroz que estradas
Lobo uivará mais que fábricas
Escorpião picar mais que dinheiro
Abelha ferroar mais que bancos
Minhoca digerir mais que crise econômica
Barata infectar mais que burocratas
Papagaio com mais letras que “datilografistas”
Cigarra mais cultura que a massa
Morcego mais marcas que as doutrinas
Lagartixa grudar mais que “ignorãça”
Camaleão mudar mais de pele que “herói”
Maritaca mais barulho que a mídia
Será que um dia...
em terra água, ar
Gente viver a vida!

(Iberê Martí)

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Encontro Nacional de formação da CPT

Acontece em Luziânia- GO o Encontro Nacional de formação da CPT, entre os dias 17 e 20 de outubro. 
O tema do evento será "De onde vem e para onde vai o campesinato brasileiro" com uma perspectiva de segunda leitura: "De onde vem e para onde vai a CPT"
O Encontro reúne 70 agentes da CPT de todos os estados do Brasil, no Centro de Formação Vicente Cañas.
No primeiro momento do Encontro, os representantes dos regionais da CPT apresentaram um pouco da realidade das categorias sociais com as quais eles trabalham e acompanham na base, suas dificuldades, suas principais lutas e, também, suas conquistas e boas experiências comunitárias.


Com ajuda dos professores Jadir Pessoa, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Leonilde de Medeiros, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), os agentes da CPT estão refletindo sobre o processo de formação do campesinato no Brasil, suas particularidades e como esse processo se expandiu por todo o país. Amanhã, dia 19, o encontro terá a assessoria do engenheiro agrônomo e assessor da Via Campesina, Horácio Martins, para refletir o futuro do campesinato e a atuação da CPT nesse caminho.